A narrativa sáfica e a música, onde está a representatividade?

Nos últimos anos, muito se ouve falar sobre “representatividade”, mas o que de fato seria isso? Como a representatividade lésbica e bissexual está presente na indústria musical?

Por: Layla Pena, do Lesbocine

Segundo o dicionário, representatividade é a expressão dos interesses de um grupo na figura do representante. Não é novidade que a cultura pop — ou “cultura de massa” — é a maior formadora de opinião do mundo. É ela quem dita nossos gostos, costumes, o que comemos, compramos, entre outras coisas. Na música, essa representatividade, ou a falta dela, se vê refletida na indústria quando observamos os grandes nomes de sucesso e principalmente as letras de suas músicas. 

A música é uma forma de expressão, sendo assim, nada mais justo que existam músicas que divagam exatamente pelo que se quer dizer. Além de músicas que falem sobre algo que engloba a realidade lésbica e bissexual, outras coisas são necessárias para criar a tal da representatividade. Você já imaginou poder cantar uma música de amor escrita por mulheres que não seja direcionada a um homem? Quando, por exemplo, Ana Carolina, Lauren Jauregui, e Halsey cantam “Tô saindo com uma nega, é marrenta e brava” ou “She doesn’t kiss me on the mouth anymore” (Ela não me beija mais na boca), entendemos o quão libertador é o uso de pronomes femininos para validar os nossos sentimentos.

Outro ponto muito importante é que músicas escritas por homens para mulheres são repletas de machismo, sexualização e misoginia, diferente de músicas feitas por mulheres para mulheres. Por isso separamos 10 cantoras que cantam sobre o seu amor por mulheres, 5 brasileiras e 5 gringas, para que assim possamos deixar de procurar por representatividade onde não temos lugar.


Ana Carolina

Reconhecida como um ícone sapatão brasileiro, essa cantora não poderia faltar na nossa lista. Suas canções moveram milhares de casais por aí. Cantando coisas como “Toda mulher gosta de rosas” e “Vou arrancar sua blusa e pôr no meu cabide só pra pendurar”, Ana deixa explícito a quem se refere.


Hayley Kiyoko

Conhecida na internet por representar em seus clipes histórias lésbicas, Hayley Kiyoko se destaca como uma das maiores cantoras lésbicas da atualidade. Sua canção Girl Like Girls é um dos grandes marcos na música lésbica da década de 2010.


Ana Gabriela

A cantora, que começou com covers no YouTube e participou do The Voice Brasil, tem canções e clipes incríveis que representam o seu amor por mulheres. Além disso, coleciona colaborações com outros grandes artistas do cenário brasileiro atual, como o grupo Melim e Ana Caetano, da dupla Anavitória.


Girl in Red

A cantora norueguesa, que cresceu graças ao TikTok, compõe músicas românticas no estilo pop-folk. Seu single "I Wanna Be Your Girlfriend" ganhou mais de 100 milhões de streams no Spotify, e foi listado no nono lugar na lista do The New York Times de "As 68 melhores músicas de 2018". Desde então a cantora coleciona uma base sólida de fãs do gênero.


Maria Bethânia

“Ai, ai, saudade/ Saudade dela/ Ela se foi, saudade/ Fiquei sem ela, ô”.

Quando falamos não só de grandes representantes da comunidade, mas também de realeza musical, Maria Bethânia não pode faltar. A cantora coleciona inúmeras canções de amor com pronomes femininos falando sobre coisas do cotidiano e histórias profundas de relacionamentos.


Fletcher 

Fletcher é uma atriz, cantora e compositora norte-americana. A participante da primeira temporada do The X Factor se identifica como parte da comunidade LGBTQIA+, e a maioria de suas canções retrata o amor entre mulheres.



Gavi 

A cantora, compositora e produtora musical capixaba Gavi vem ganhando espaço no cenário musical brasileiro, com canções que agregam elementos de Black Music, Groove e R&B. Em músicas como Acabou? e Beija-Fruta (esta em parceria com a ex-namorada Gabriela Brown), a cantora deixa explícita sua devoção por mulheres.


King Princess

A cantora, compositora, instrumentista e produtora lançou em 2018 as canções Talia e 1950, que até hoje reverberam a representatividade do amor entre mulheres no cenário musical atual.


Jade Baraldo

Com um estilo que mistura MPB, Pop e Jazz, Jade ficou muito conhecida por sua voz marcante, mas também pelo uso de pronomes femininos em suas músicas, por muitas vezes consideradas um pouco “saidinhas”. Em canções como Nós 2 e Brasa, Jade nos mostra suas preferências ao dizer “Te quero bem molhada, olhando na minha cara”.


Halsey 

Abertamente bissexual e tendo alguns clipes que representam o amor feminino, a cantora e compositora Halsey ficou muito conhecida na internet em 2015 com o single Ghost, de seu álbum BADLANDS. Em seu penúltimo álbum, que narra a perspectiva de um romance sáfico nas entrelinhas de seus clipes, a cantora lançou Strangers, em parceria com Lauren Jauregui, que fala justamente sobre o amor entre duas mulheres que se distanciam progressivamente.


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